Se o corpo inteiro, o mundo inteiro, o universo inteiro cabem no verso, como o poema poderia esquivar-se das questões políticas? A rua, a praça, a fábrica , a escola e os mil e um apelos visuais são materiais poéticos que exigem tomada de posição frente ao mundo estabelecido. Porém, esta compreensão não é compartilhada por poetas e artista que mesmo tentando se aproximar das questões políticas, tropeçam no grave defeito de não se posicionarem concretamente frente ao mundo capitalista.
Relativismo: eis o embaraço pós-moderno de autores que querem abarcar todos os pontos de vista da realidade social, não exprimindo o desejo de mudança, de transformação. A praga filosófica de considerar a realidade como algo por onde flutua um entrecruzamento de discursos desconectados da realidade material, atende ao sistema capitalista justamente porque não propõe mudanças, desconectando no caso do poema, a forma do conteúdo. É contra este parasitismo filosófico que não contribui nem com a Estética e nem com o pensamento político que devemos nos opor. Da mesma maneira que devemos dizer NÃO ao pensamento único(totalitário), devemos dizer NÃO aos artistas que não possuem clareza política e temem em tomar partido. Se existem várias maneiras de opormo-nos á realidade capitalista, todas elas partem do sentimento de oposição; portanto poeta, goste ou não, toma partido!
O poeta não é um sacerdote que está acima dos problemas sociais(mesmo que ele, " tragicamente " , opte pela sarjeta em escapatórias boêmias). O poeta é um trabalhador que seja de dia ou de noite, concentra-se na matéria prima do verbo até conferir-lhe uma forma capaz de representar os desejos revolucionários da coletividade. O poeta é um contestador de rua.
Geraldo Vermelhão
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