quarta-feira, 4 de junho de 2014

Formas populares para arte de agitação e propaganda:

No centro de uma cidade grande brasileira, uma multidão aglomera-se ao redor de uma praça. No centro dela, um mágico arrasta um baú dizendo que em seu interior existe uma cobra. O artista diz: " Pessoal! Esta cobra dança, sobe em cima do rabo e fuma charuto ! ". O mesmo fato pode se repetir, inclusive de forma paralela, em várias outras cidades. Se a cobra se quer existe, não nos parece importante. A questão é que este tipo de manifestação popular junta gente adoidado. Quantos outros exemplos de mágicas, piadas, apresentações de viola e sanfona, canto e dança, não chamam a nossa atenção pelas praças, ruas e botecos da vida? Pois bem, estas e outras formas de cultura popular não podem ficar de fora das nossas pesquisas estéticas: para se fazer arte voltada para o proletariado temos que primeiro encantar, chamar a atenção dos trabalhadores que caminham pelas ruas, que vão e voltam do serviço.
  Maiakóvski  valorizava o circo. Brecht estava atento ao boxe e ao cabarét. Por que então muitos artistas ou gente interessada em formas de contestação se fecham em suas pequeninas torres de "gente sofisticada "? Burgueses! Esnobes! Falam de arte socialista como se estivessem recitando poesia clássica! E olha que nem Shakespeare fica bem em suas bocas, já que em seu tempo o dramaturgo inglês se comunicava com o povo! Acredito que seja hora de nos misturarmos com estas manifestações culturais populares do nosso país e partindo delas dar prosseguimento ao nosso trabalho artístico contestador.


                                                                                                   Lenito

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