quinta-feira, 5 de junho de 2014

Uma arte pública e agressiva:

Muitos falam que hoje existe uma grande dificuldade em chocar e agredir os valores estabelecidos por meio de obras de arte. É como se a pupila tivesse calejado de vez e a transgressão no plano da estética representaria um ato de isolado, pulverizado em meio aos múltiplos fenômenos culturais da era contemporânea. Permitam discordarmos: a arte guarda uma grande capacidade de escandalizar e expor feridas abertas da sociedade capitalista. A questão é como isto é feito, como a imagem circula, qual seria o seu alcance social.
 Uma imagem empenhada em agredir os nervos do espectador não se faz por motivações vagas. Ela obedece a uma escolha política e consequentemente a uma estratégia visual. A experiência de choque em arte, pode propiciar no cotidiano o congelamento dos signos banais e logo a inserção da imagem que sem representar os interesses econômicos de multinacionais, bagunça a percepção nas grandes cidades. A chamada street art, que opta pela intervenção no espaço público e recusa(ou pelo menos deveria recusar) as tradicionais instituições artísticas, precisa tornar cada vez mais explícita sua opção de classe. Feitas pelas mãos dos trabalhadores e destinadas aos olhos dos mesmos, uma arte pública e agressiva, capaz de povoar com pinturas em muros, cartazes pendurados e objetos estrategicamente dispostos, é fundamental na luta política de caráter anticapitalista.


                                                                                     Os Independentes  
 

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