Uma intensa produção ideológica em torno da Copa do mundo, tenta, tenta e tenta fazermos crer que o Brasil é um país aonde todos são irmãozinhos, todos iguais perante a ordem capitalista e o progresso da burguesia. Mas acontece que em 1970 já rolava algo parecido: a ditadura militar para abafar os gritos dos torturados, fez toda aquela armação em torno do futebol, em que " pra frente Brasil " dava o tom enquanto os comunas entravam na porrada. Só que em setenta, a música popular brasileira era um contraponto muito interessante, que invalidava o discurso da ditadura. Isto, que há muito tempo já é matéria das aulas de História e sociologia nos colégios, nos leva a refletirmos sobre a falta que faz um tipo de música popular capaz de expor as contradições que a febre da Copa tenta ocultar.
Tá, 2014 não é 1970, caso contrário eu mesmo já estaria em cana caso fosse pego com um artiguinho destes. Porém, embora possamos atuar nas brechas da democracia burguesa, a repressão ainda é fato: para defender o Estado capitalista a repressão joga pesado com manifestantes, sindicalistas, professores e trabalhadores contrários á realização milionária da Copa num país de famintos. Diante disso, aquele tom de protesto preto e branco lá dos anos setenta, até que não fica tão fora do tempo e do espaço. Se a ditadura caiu pra cima de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros, é porque a música tem como uma de suas funções básicas o protesto e a rebelião contra o status quo, azedando assim a ficção nacionalista tão ao gosto do burguês.
Hoje, pegar o violão e cantar contra o sentimentalismo barato que a grande mídia tenta impor em torno do futebol, é uma tarefa urgente. Portanto, se você manja fazer um som, vá até o botequim mais próximo, afine o violão e rascunhe uma canção de protesto.
Tupinik
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