quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A vez dos Coletivos de Artistas:

O atual momento cultural vive a emergência de coletivos de artistas. Não se trata mais de grupos de vanguarda, como foi recorrente durante boa parte do século passado. Baseados nas práticas da arte de rua, diversos artistas partem para um tipo de enfrentamento no qual não se busca mais romper ou apresentar plataformas estéticas, mas sim as estratégias de linguagem mais contundentes para se estabelecer a sabotagem cultural.
 Enquanto tática os coletivos, que vem ganhando força nas últimas três décadas, não apostam em novidades, pois como Marx diria quem é avido por " novidades " é a burguesia. Suportes inusitados, diferentes materiais, recorrendo inclusive ao uso de engenhocas digitais, compõem um painel expressivo altamente variado e que não se preocupa em ser " novo ": é uma sensibilidade que vai, por exemplo, da antiarte á pop. O que de fato pode tornar ainda mais significativa a emergência de manifestações aonde o corpo e as coisas do mundo são armas estéticas, é o fato destes artistas serem essencialmente manifestantes. Sendo assim observamos uma redefinição do sentido atribuído á palavra artista: não é mais o indivíduo excepcionalmente " talentoso " ou " genial " mas um cara comum, e que portanto é entendido enquanto trabalhador e logo como ativista ou militante.
 Se este papo já estava encubado lá nos anos sessenta, foi preciso quase meio século para que este artista multimídia, engajado e portanto interessado em manifestar-se publicamente contra os valores estabelecidos, ganhasse força: em meio á tantas formas de alienação e porcariada estética, destacam-se criadores que não desejam ser celebridade mas sim  indivíduos que participam conscientemente da luta anticapitalista. Logicamente que nem todos os coletivos são portadores de ideologias revolucionárias, sendo que em muitos deles faz ninhada reflexões um tanto relativistas, para não dizer ocas e na direção comprometedora do individualismo pequeno burguês. Mas ainda assim, é neste cenário cultural em que os coletivos ganham força, que a arte exerce sua missão política contestadora.


                                                                                 Lenito  

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