segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O cinema que não é parque de diversões:

Não restam dúvidas de que a linguagem cinematográfica só pode salvar-se no Brasil de hoje, através de uma reordenação do audiovisual e de suas correspondências literárias e teatrais. Portanto as soluções visuais não estão no cinema pasteurizado de brasileiros que olham o país com os óculos do imperialismo: nada de zumbis que metaforizam um modo de produção que apodrece, nem de super heróis tão velhos quanto os cowboys ou então a conversão dos imperativos do cinema numa extensão dos direitos do consumidor. A TV também não pode ajudar com mais de 90% do lixo da indústria cultural norte americana sufocando os costumes de uma terra que já possui maioridade cultural.
 No lugar  dos figurões da História, dos heróis " eleitos " para proteger(e dominar), dos profissionais bem sucedidos e das adolescentes apavoradas com monstros e psicopatas,  devemos colocar em prática a pesquisa visual, o improviso e os assuntos tabus. Um cineasta que pode realmente se comunicar com o seu povo, deve compreender as paisagens, a língua e os costumes deste povo. Ele não pode ficar nos altares das instituições badaladas, isolado nos shoppings, mas deve saber entrar no boteco, ouvir uma história e com  criticidade/sensibilidade saber traduzir isto em linguagem cinematográfica.É assim que os elementos visuais, verbais e cênicos podem assumir uma forma que exige a transformação da realidade. Cinema não é janelinha com as estrelas, mas uma janela para a História.

                                                                                                José Ferroso

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