sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PT: estética e luta de classes

No quadro das disputas eleitorais, surge uma propaganda que vem sendo alvo de discussões políticas e estéticas. Na última terça feira(9/09) foi ao ar uma propaganda do PT na qual banqueiros distribuem sorrisos num acordo, enquanto a comida desaparece da mesa de uma família proletária. Este jogo imagético produzido pela equipe da campanha petista, que pode remeter até Eisenstein, gera polêmica exatamente por visualizar a luta de classes. A propaganda no entanto possui uma intenção política pontual: criticar a proposta do PSB para dar autonomia ao Banco Central. Embora o governo de Dilma tenha beneficiado e muito os banqueiros, esta propaganda vem gerando acaloradas discussões entre a esquerda e a direita. Antes de incorrermos sobre o debate estético que a propaganda do PT levanta, gostaríamos mais uma vez de esclarecer o leitor quanto a nossa posição política: nosso periódico, desde o seu nascimento em 2011, nunca vinculou-se á nenhuma organização política em particular. Entendido que este é um pressuposto para nossa independência política diante do debate cultural de esquerda, nosso blog contempla o horizonte de militantes socialistas, comunistas e libertários das mais variadas origens partidárias ou agremiações; o que incluí o próprio PT, notadamente as correntes que situam-se á esquerda do partido. 
  As polêmicas em torno da propaganda petista contrastam com as características estéticas das propagandas produzidas durante a comemoração dos dez anos do governo federal: o audiovisual e a arte gráfica(o cartaz especificamente) traduziam literalmente a estética do realismo socialista. Lula e Dilma expostos enquanto líderes populares não deixam de remeter ao culto á personalidade, característica máxima do zdanovismo. Na propaganda da última terça, não encontramos o stalinismo cultural mas cenas embasadas na dialética marxista. Entretanto, sem querer equiparar em valor cultural/ideológico a propaganda atual aos modelos estéticos revolucionários, não podemos deixar de notar o efeito perturbador que ela vem causando nos últimos dias, junto aos setores da burguesia brasileira. Sem colocar em questão a política econômica encabeçada pela ala majoritária do PT, o fato é que os trabalhadores tiveram diante dos seus olhos uma experiência estética que diferencia a classe dominante da classe operária. Mesmo que isto remeta aos jogos políticos particulares da atual conjuntura eleitoral, é preciso considerar que os recursos visuais que delimitam os interesses opostos de engravatados e operários, contribuí para o debate estético.


                                                                                       Os Independentes 

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