Haveria ligações entre a atual geração de militantes que fazem das câmeras digitais e das redes sociais, armas para difundir uma cultura de contestação, com os dilemas estéticos e políticos dos tempos da ditadura militar? Refletir sobre as consequências culturais trazidas pelo golpe de 64, é um esforço permanente. Exemplo disso seria o debate ocorrido dias atrás na USP intitulado " o golpe de 1964 e a cultura brasileira ". O evento que contou com importantes intérpretes marxistas da cultura como Roberto Shwarz e Alfredo Bosi, levantou lembranças e discussões sobre as relações entre a produção cultural brasileira e a repressão militar.
Das preocupações pedagógicas da arte popular e didática do pré golpe, passando pelas crises estéticas que culminariam no tropicalismo no final dos anos sessenta, existe um complexo legado que se datado em vários sentidos, ainda é referência(sobretudo estética) para os artistas e militantes de hoje. Mas num mundo em que uma multiplicidade de discursos, inclusive aqueles de ordem conservadora, procuram embaralhar o papel político a ser desempenhado pelos intelectuais e pelos artistas, como pensar na continuidade de uma crítica cultural que responda aos grandes impasses políticos e sociais dos nossos dias? A juventude contestadora de hoje precisa encaminhar-se para a compreensão do processo político na História contemporânea do Brasil, inclusive no âmbito cultural. Tomar consciência deste processo significa reatar com as lacunas do passado. Isto evita tanto a amnésia cultural quanto a tietagem diante dos artistas consagrados daquela época. O objetivo destas reflexões históricas visa articular as lutas políticas de hoje com uma nova crítica cultural de esquerda.
Lenito
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