No final do ano passado o nosso blog publicou um artigo meu em que eu endossava a tese do teatro de Estádio do Oswald de Andrade. No texto intitulado Como o Teatro Pode Alcançar o Futebol?, eu dizia que as qualidades políticas do teatro devem se impor perante a obsessão futebolística utilizada como narcótico simplificado. Ainda sustento esta ideia, e dando também continuidade ao que já disse antes, precisamos por hora pensar em estratégias cênicas que ao menos tentem desviar um pouco o olhar dos estádios para a rua.
As dificuldades para financiar grandes espetáculos revelam que ainda estamos distantes do sonho de Oswald; ou seja distantes do teatro enquanto força revolucionária educadora das massas. Porém, as performances e os happenings são estratégias que adequam-se á falta de grana e ao mesmo tempo cumprem uma função guerrilheira das mais importantes. Esta proposta se fortalece perante o quadro de inconformismo social, ilustrado com as greves que pipocam pelo país. Durante as greves os trabalhadores precisam de teatro revolucionário! Teatro que desmistifique a Copa do Mundo.
Entre um ou outro comercial, entre um outro gol, pequenas ações cênicas espalhadas pelas metrópoles brasileiras, podem alimentar uma visão crítica perante a Copa do Mundo. É preciso que os atores mostrem aos trabalhadores que o centro das atenções não deve ser ocupado por chuteiras mas por esforços cênicos que destruam o falso sentimento de coletividade em torno da seleção brasileira. O teatro poderá mostrar nas próximas semanas que o futebol foi apropriado pela máquina capitalista. O teatro poderá mostrar que o palco de nossas vidas é muito maior que bola. O teatro poderá mostrar que apito deve ser usado para acordar o povo e não comandar partidas de futebol.
Geraldo Vermelhão
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