sexta-feira, 23 de maio de 2014

O romancista e as bandeiras:

A posição política do escritor não garante de antemão boa literatura. Tão isto é verdade que seja entre os romancistas de direita ou entre os romancistas de esquerda, a narrativa mal feita não pode ser salva por nenhuma ideologia. Se nos empenhamos aqui em comentar e difundir concepções estéticas que visam fortalecer no âmbito da cultura o projeto do socialismo, então é preciso prestar atenção no valor expressivo das obras de arte e não simplesmente dar uma de propagandista de qualquer coisa.
 No caso da literatura, e em especial do romance, o objetivo está em criar situações capazes de fazer explodir as contradições da sociedade capitalista. É a narrativa um importante fio de reconstitui na cabeça do leitor a brutalidade da classe dominante. Ao romancista cabe elencar de acordo com a sua sensibilidade, o que deve ser contado/narrado para alguém: se é a vida de personagens que esbanjam grana,como um jogador de futebol milionário, se são as próprias lembranças do autor desconectadas na História política ou a  difícil vida de trabalhadores que sofrem com transporte caro, comida cara, falta de hospitais e acidentes(por vezes mortais) no trabalho. Entretanto, a maneira como isto é estruturado no plano do texto depende da técnica literária que não levanta de qualquer jeito a bandeira política. A bandeira deve ser erguida na consciência do leitor devido a uma prosa de qualidade, capaz de fazer sentir a necessidade de destruir o capital.


                                                                                   Lúcia Gravas

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