Insisto mais uma vez em tomar o teatro de Oswald de Andrade como base para uma reeducação libertária dos trabalhadores brasileiros. Era o que ele pretendia com o seu manifesto Do Teatro Que é Bom, publicado nos anos quarenta. Mas ao promover Oswaldão faço questão de situar o seu teatro enquanto arte de esquerda e não simplesmente dramaturgia pós-moderna, como querem alguns que nunca tiveram coragem e envergadura ideológica para aderir ao comunismo. Com isso quero dizer que geralmente a crítica burguesa procura perdoar-lhe " o pecado comunista ", esvaziando o Oswald militante dos anos trinta e desconectando a sua inquietude estética dos seus propósitos ideológicos.
Ninguém é perfeito: Oswald escorregou na casca de banana de Stálin e levou alguns tombos. Mas isto não invalida o esforço do arauto de 22 em engajar-se na luta proletária e eleger o teatro enquanto arma anticapitalista. O antropófago possui compatibilidade total com o marxismo. O que ele não engolia(mesmo que tentasse) eram as bobagens do stalinismo. A violência poética contida em inúmeras técnicas de vanguarda, aproximam como se sabe, o teatro de Oswald ao de Maiakóvski, Brecht e Piscator. Ou seja é o teatro de tese que exige uma forma revolucionária e ao mesmo tempo um conteúdo de combate. O Rei da Vela, A Morta, O Homem e o Cavalo e Panorama do Fascismo são peças que não cabem nos quadros do pensamento estético pós-moderno e seu relativismo nietzscheano, geralmente com consequências individualistas e portanto reacionárias. Oswald de Andrade fez teatro de tese voltado para os trabalhadores e não teatrinho para classe média curar seus fantasmas inconscientes.
Geraldo Vermelhão
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