O Concretismo e outras correntes como a dissidência Neoconcreta, envolvem como é sabido, um importantíssimo sopro vanguardista no Brasil a partir dos anos cinquenta. Foi uma chapuletada no conformismo estético que reinava nas artes brasileiras, em especial na literatura com a chamada Geração de 45. Entretanto, como vem sendo debatido nos últimos anos, existe uma produção literária/artística, sobretudo na década de sessenta, que não tem nada a ver com geometria, com arte de proveniência construtivista.
Enquanto alguns experimentavam o Pop e outros se entregavam á arte popular nacionalista de " esquerda ", pequenos coletivos atualizavam a arte brasileira com as experiências do Surrealismo e da Beat Generation. Estes últimos devem receber uma atenção maior de nossa parte, afinal o concretismo ao longo do tempo gozou de grande prestígio na imprensa, nos grandes centros culturais e na universidade. Destino diferenciado tiveram surrealistas e beatniks brasileiros, em grande parte marginalizados pela crítica e pelo meio acadêmico. Observações cretinas foram(e são feitas) inclusive por " especialistas ': o surrealismo seria um fenômeno tipicamente francês do entre guerras, ao passo que a Beat diria respeito tão somente ao contexto cultural norte americano. Esta visão reacionária, limitada e portanto incapaz de compreender estes fenômenos como internacionalistas(e diga-se de passagem, com grande repercussão entre jovens poetas da atualidade), deve ser combatida. Não se trata de opor Surrealismo e Beat ás correntes concretistas, afinal esta seria uma atitude unilateral, que troca seis por meia dúzia. É preciso defender sim, concepções em que a " inspiração ", " as iluminações " de Rimbaud são tão importantes para nossa modernidade artística quanto a precisão das formas concretistas.
Os Independentes
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