Foi um bafafá danado a palestra do artista Sean Dagohoy ,em sampa. Ele pertence ao grupo norte americano Yes Man, voltado para o ativismo que promove sabotagens contra a caretice do mundo corporativista. Ao apropriarem-se de signos, fazerem-se passar por representantes de multinacionais, estes artistas apresentam uma produção de contra-informação que é um verdadeiro tijolo no sapato de vários capitalistas. As palavras de Dagohoy no Centro Cultural de São Paulo, funcionaram como uma espécie de inspiração para ações culturais ás vésperas da Copa do Mundo. Esta palestra apenas confirma que as ideias do coletivo estão cada vez mais presentes nos debates estéticos do Brasil, em especial entre militantes que desejam exprimir suas críticas aos gastos absurdos e ao espetáculo alienante em torno da Copa.
O contato com as práticas de coletivos como o Yes Man , auxiliam na pesquisa de novas formas de sabotagem cultural para os dias da Copa: o espaço público é utilizado para a subversão dos signos, para a criação de imagens, objetos e situações que levam ao estranhamento da paisagem urbana. O legal nisto tudo é que desde já notamos o fermento de crítica, de agitação, de fomentação de um sentimento negativista que fazendo uso da experiência estética, questiona os rumos políticos do país em plena fabricação da onda nacionalista de chuteiras. Sei até que ponto vários dos meus companheiros de redação, identificados com uma certa ortodoxia marxista, podem achar todo este papo de Culture Jamming bobagem pós-moderna. Porém, se eles desejam utilizar a dialética para inserir a arte no combate político, sugiro que eles observem com atenção este fenômeno novo, do qual o Yes Man é uma das expressões internacionais. Desde os anos oitenta, coletivos de artistas se valem da releitura do melhor da antiarte e de novas realidades expressivas como a chamada street art, para colocar em maus lençóis os grandes símbolos do poder capitalista. Quando tudo torna-se mercadoria e a miséria aumenta, é hora de tentar sufocar a cultura dominante com seu próprio lixo.
Marta Dinamite
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