sexta-feira, 30 de maio de 2014

A família proletária com Brecht contra o capital:

Um partida de futebol enche os olhos da família inteira. Bastaria um gol, uma vitória do time favorito, para que nesta casa de trabalhadores toda a pindaíba seja esquecida?As dificuldades, colossais, encontradas para atuar no espaço cultural do proletariado brasileiro, podem desanimar o teatrólogo sem fibra. Mas recorrendo ás lições de Economia Política do marxismo, temos a favor do teatro político um fator inquestionável: quando a infraestrutura balança, a ideologia da classe dominante torna-se mais fragilizada. Logicamente que a coisa toda não é mecânica, mas se a representação do mundo em nossas mentes modifica-se perante a realidade concreta(e falo aqui do Brasil de hoje, com sua economia lascada), então o teatro poderá contribuir para reorientar a realidade do povo brasileiro.
  Na História do nosso teatro, raros são os momentos em que a dramaturgia de Bertolt Brecht(até agora insuperável enquanto método teatral) foi apresentada para a classe trabalhadora. O lugar do Teatro Dialético não é entre universitários que topam montar qualquer coisa(inclusive, e indevidamente, Brecht). Felizmente hoje, alguns grupos teatrais socialistas brasileiros montam peças identificadas ou próximas da estética brechtiana. Sim, o problema maior está em fazer os trabalhadores saírem de frente da Tv(ou da internet) para ir até o teatro. Mas, como afirmei anteriormente, a crise econômica empurra para a necessidade de uma interpretação crítica da realidade; portanto as ideias de Brecht, adaptadas para o atual contexto político, podem ser úteis em espetáculos montados em sindicatos e escolas, por exemplo. Nestas circunstâncias, o distanciamento crítico impulsiona um outro olhar sobre " os gols ".


                                                                                           Geraldo Vermelhão

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