terça-feira, 26 de agosto de 2014

Abaixo o gênio! Salve o artista coletivo:

A criação artística tende cada vez mais a se tornar um evento coletivo. Esta seria uma das contradições fundamentais da cultura atual dentro do modo de produção capitalista. Por mais que sejam criados prêmios, babações de ovo e puxa saquismos envolvendo " as grandes celebridades do mundo das artes " , tudo levar a crer que diante das novas realidades técnicas(sobretudo digitais) as potencialidades expressivas dos trabalhadores podem culminar em importantes manifestações artísticas(revelando inclusive grandes avanços sob o ponto de vista político, de classe). Mas antes que os artistas ególatras iniciem seus protestos cuja causa maior é o umbigo, as formas de coletivização da arte não suprimem a individualidade: ao contrário, a consciência individual e as particularidades de quem cria(estilo, unidade expressiva) tendem a não entrar em conflito com o coletivo, pois acabam por ultrapassar a mera condição de mercadoria. Isto em potencial, pois as artimanhas do capital não podem ser subestimadas...
 As inclinações históricas para o artista coletivo encontram enormes barreiras de ordem ideológica. Da criação de vídeos á arte de rua( especialmente fotomontagens, desenhos e pinturas enquanto intervenções urbanas) nota-se uma grande produção cultural que como tudo aquilo que ameaça o controle econômico da classe dominante, tende a sofrer cooptações pelas grandes instituições. Bem, para que esta produção de fato vingue e contribua para a solidificação de práticas culturais anticapitalistas, necessitamos de um empenho político de conscientização do chamado artista de rua.Se as organizações de esquerda desejam combater a ideologia dominante, é importante conceber o espaço do partido e do sindicato enquanto contextos para a interação artística: tão importante quanto entregar panfletos e difundir programas políticos é fazer com o que os trabalhadores criem, produzam arte. É hora de enterrarmos os gênios e incorporar seu legado numa arte nova e coletivizada.


                                                                                José Ferroso

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