Criticando a visão do " indivíduo excepcional " defendida pelo anarco-individualista Max Stirner, Karl Marx denuncia o que oculta a expressão " talento artístico ": (...) " A concentração exclusiva do talento artístico em determinados indivíduos e sua supressão correlata entre a massa do povo é uma consequência da divisão do trabalho(...). Na sociedade comunista não há pintores, mas, no máximo, pessoas que, entre outras coisas, também pintam "(...). É possível imaginarmos o efeito perturbador que a afirmação de Marx pode ter entre muitos artistas provenientes da pequena burguesia. Afinal de contas, para justificar suas existências domesticadas, estes precisam defender o mito do " artista genial ". Marginalizados ou aceitos, estes artistas fazem funcionar a roda de todas as vaidades que alimenta prêmios, bajulações, enfim toda hierarquização que determina quem são os mais " talentosos ". Se por hora o artista está no " underground ", isto é admitido pelo sistema que algum dia poderá torna-lo aceito e consequentemente converter sua obra em moeda de troca.
Como se não bastasse o fato da arte contemporânea atravessar uma crise que se arrasta por décadas, as instituições comprometidas com o capital valorizam os patéticos super homens da arte: num mundo regido pela competição, o individualismo é uma força parasitária que deve levar o artista " ao topo ", " ao sucesso ". Estes valores envaidecem e portanto impedem a compreensão da divisão social do trabalho. Aliás todo este reacionário espírito de " estéticas empreendedoras " (rs rs) faz com que deixemos de analisar que a arte, assim como qualquer outro ramo da produção humana, é trabalho e conequentemente aceita ou desafia a sua organização.
Na batalha cultural que deve contribuir para a construção da consciência política dos trabalhadores, precisamos desmistificar " os artistas geniais " e ajudar a promover o artista militante e logo comprometido em dissociar obra de arte de mercadoria.
Geraldo Vermelhão/José Ferroso
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