Arte e vaidade, segundo aqueles que lutam pela construção de valores socialistas, são noções distintas entre si. O artista que plasma as imagens de uma realidade futura, denunciando o mundo estabelecido e violentando seus valores, não pode estar nem um pouco preocupado com seu reconhecimento e muito menos com a posteridade. Oswald de Andrade e Patrícia Galvão por exemplo, não estavam nem aí para a classe dominante: o que os dois queriam mesmo era (utilizando a expressão usada pelo próprio Oswald) ser " artistas anônimos da Revolução ".
Logicamente que as instituições capitalistas não poupam esforços em elogiar, fazer cafuné e até masturbar os jovens artistas. A burguesia não é besta: ela precisa ter ao seu lado aqueles que fornecem uma imagem positiva do capital. Já do outro lado da moeda, principalmente entre aqueles que arriscam a vida e a reputação em nome de uma batalha cultural transformadora, o que interessa mesmo é a mais aguerrida das oposições. Neste sentido é muito inspirador olharmos para a atuação de Oswald de Andrade e Patrícia Galvão ao longo dos anos trinta. Mencionamos estes dois artistas porque eles ainda contrastam totalmente com as aspirações de muita gente do mundo " da letras e das artes ".
Sem grana, difamados pela classe dominante, enfrentando estudantes reacionários, integralistas e também as limitações mentais dos stalinistas, Oswald e Pagu mergulharam de cabeça no projeto revolucionário, no qual criar é fundamental: romances, peças teatrais, artigos, manifestos, desenhos e desaforos são o grande legado destes dois modernistas que após darem dentadas no burguês assustado com a antropofagia, partiram de vez para a briga com a adesão ao comunismo. Para qualquer artista militante de hoje é impossível não tomar isto tudo como base. Deixem os canalhas narcisistas " aparecerem ". Para nós o negócio é ser o artista que no anonimato constrói um outro mundo.
Geraldo Vermelhão
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