domingo, 17 de agosto de 2014

Quem fará o debate estético durante as eleições?

Tendo em vista que a partir da próxima terça feira(dia 19) inicia-se a propaganda política eleitoral, a questão estética deverá exprimir sem dó quem é quem na política brasileira. Falando sem trava línguas: no campo da esquerda (ou pelo menos entre os partidos políticos que podem adequar-se a esta classificação ideológica), o fator estético de suas propagandas(assim como ás menções ás políticas culturais e educacionais a serem feitas) revelam o caráter político dos programas de governo.  Para os militantes da cultura, é o momento de defender que a coerência política exige no mínimo uma relação consequente entre ética e estética.
 Sim, publicidade não é arte no sentido rigoroso do termo, mas entendemos que o artista de esquerda deve assumir posições diante das ferramentas expressivas da publicidade. Nestas eleições o Sr Goebbels deverá baixar em várias propagandas partidárias: tentar criar falsos sentimentos de coletividade, é uma herança fascista que a direita gosta mais que picolé. Mas e a esquerda? Pois é, encontramos um outro fantasma totalitário que assombra a linguagem publicitária: Zhdânov. Toda aquela conversa mole do realismo socialista, com operários, crianças, professores e donas de casa sorrindo com as bochechas coradas diante de líderes " carismáticos ", tem sido marca também entre aqueles que se julgam de esquerda. Sendo assim, fazemos questão de tocar na questão do debate estético, colocando em questão tudo aquilo que pode ser reacionário ou progressista na propaganda política e nas discussões em torno da política cultural. Do ponto de vista socialista, a propaganda deve potencializar um discurso político transformador que adequa-se a um tipo de imagem. A classe trabalhadora, em seu suor e luta, não deve ser exposta de forma heroica ou paternal, mas sim enquanto sujeito que precisa produzir dentro de suas organizações políticas as imagens de suas lideranças: é nisto que deve consistir a estética publicitária num sentido socialista.
 Já no que tange a política cultural, é preciso compreender a própria cultura enquanto parte do território político da esquerda: não adianta de vez em nunca fazer um evento de hip hop, um show de rock ou promover manifestações artísticas folclóricas. Os partidos que realmente estão interessados em propagar as ideias socialistas, precisam de uma identidade estética que contemple os inúmeros aspectos da cultura. O urbanismo e o planejamento arquitetônico confluindo na criação de espaços públicos democráticos. A projeção da produção cultural das comunidades populares.A importância da escola enquanto espaço de humanização através da literatura, do teatro, da pintura, etc. Além do mais, é papel da esquerda conscientizar e não alienar, distinguir a linguagem audiovisual do esclarecimento/da instrução daquela da alienação, própria da publicidade capitalista.
 Nestas eleições, o dado estético revelará o caráter ideológico para saber quem realmente pode falar em nome dos trabalhadores.

                                                                                             Geraldo Vermelhão

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